22.11.11

Pessoas bonitas # 8

Hoje vem cá à Eira Soeiro Pereira Gomes.



Nasceu em 1909 na aldeia de Gestaçô, concelho de Baião (Douro), de uma família de pequenos agricultores. Aprende a ler com o pai ainda antes da escola primária. Tira o curso de regente na Escola Agrária de Coimbra e parte para Angola em 1930 de onde regressa insatisfeito em 1931. Nesse ano casa com Manuela Câncio Reis, fixa residência em Alhandra e emprega-se no escritório da fábrica Cimento Tejo.
No final dos anos 30 adere ao PCP e participa activamente na actividade do PCP no Baixo Ribatejo.

Soeiro Pereira Gomes foi pioneiro do movimento neo-realista, colaborou nos jornais Sol Nascente e O Diabo, organizou cursos de ginástica para os operários da Cimento Tejo, ajudou a criar bibliotecas populares em sociedades recreativas e uma piscina para o povo de Alhandra onde se formou Baptista Pereira (grande nadador, comunista e inspiração para a personagem Ginêto dos Esteiros).

Com Alves Redol e Dias Lourenço promoveu excursões de fragata no Tejo, onde se estabelecia contacto político fora da vista do regime fascista.
Entre 1940 e 1942 participa na re-organização do PCP e integra o Comité Regional do Ribatejo com Dias Lourenço e Carlos Pato.
Em 1941 a editora Sirius publica Esteiros com ilustrações de Álvaro Cunhal, de que diz Soeiro Pereira Gomes "Para os filhos dos homens que nunca foram meninos, escrevi este livro".

Pela janela aberta da moradia de Soeiro Pereira Gomes ouviam-se as notícias da rádio sintonizada na BBC (proíbida nos cafés) para dar a conhecer a evolução da II Guerra Mundial através das notícas de Londres em Português.
É obrigado a mergulhar na clandestinidade na sequência das greves de 8 e 9 de Maio de 1944, ano em que escrevia Engrenagem que nunca chegou a terminar.
É eleito para o Comité Central do PCP no IV Congresso na Lousã em Julho de 1946, é destacado para o Sector de Lisboa e torna-se membro da Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF) e acompanha a actividade dos camaradas que actuam no Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Participa ainda na campanha presidencial de Norton de Matos em 1949 mas uma doença grave destroi-lhe a resistência física, vindo a morrer em Lisboa a 5 de Dezembro do mesmo ano.

Soeiro Pereira Gomes dá nome ao centro de trabalho do PCP situado na rua com o mesmo nome em Lisboa. Para ler sobre ele textos de quem muito melhor escreve do que eu clicar aqui.

Demorei muito a começar a ler Soeiro Pereira Gomes mas recomendo vivamente.
Ao ver as datas dos contos que compõem Contos Vermelhos pensei "Ainda faltava tanto!"
O Soeiro Pereira Gomes não chegou lá (à liberdade, claro) mas deu um grande contributo para que nós (todos, sem olhar a quem) pudéssemos chegar. É claramente uma "pessoa bonita", excelente companhia para as que já cá vieram fazer visita antes.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

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